Wish You Were Here (1975) – Pink Floyd #4

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Wish You Were Here – 1975

1 – Shine On You Crazy Diamond (Part I-V) – (Gilmour, Waters, Wright) – 13:38
2 – Welcome To The Machine – (Waters) – 7:30
3 – Have a Cigar – (Waters) – 5:24
4 – Wish You Were Here – (Gilmour, Waters) – 5:40
5 – Shine On You Crazy Diamond (Part VI-IX) – (Gilmour, Waters, Wright) – 12:29

Nono disco da banda, Wish You Were Here, lançado em 1975, mostra o amadurecimento do Pink Floyd. Depois do sucesso estrondoso de The Dark Side of the Moon, que alçou os integrantes da banda ao estrelato, e que tirou o Pink Floyd do underground para colocá-lo como uma banda de primeira grandeza, os quatro músicos entraram novamente em estúdio, mas dessa vez algo havia mudado. Nas palavras de Gilmour, tinha chegado o momento em que eles deveriam escolher: eram músicos ou empresários? Todo o sucesso da banda naquele momento teve duas importantes conclusões que são a base para o disco:

1 – Como e por que haviam chegado até ali?

E ao fazer essa introspecção, Waters, principalmente, descobriu que grande parte do sucesso se devia aos primeiros anos da banda e a consolidação de seu estilo. Ou seja, grande parte do sucesso que a banda fazia em 1975 se devia a  Syd Barrett, co-fundador da banda e principal compositor nos primeiros anos. Não é exagero dizer que Syd era a essência da banda, o princípio, a origem do que foi o Pink Floyd. O Pink Floyd decidiu então prestar uma homenagem ao músico que havia muito eles não viam. Por sorte (ou azar) do destino, durante as gravações do disco uma pessoa estranha, careca, com as sobrancelhas raspadas e bem gordo apareceu, disse poucas palavras e se foi. Era Syd Barrett. A mudança física e mental do antigo Pink Floyd abalou a todos no estúdio e deu mais motivos para que este disco se transformasse em uma homenagem justa ao amigo. Abaixo uma foto tirada na época de Pink Floyd ao lado de uma tirada nos estúdios de gravação do disco:

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2 – Como seria a relação com a indústria fonográfica?

Agora que eram celebridades, os integrantes da banda iniciaram uma relação conflituosa com as grandes gravadoras. De início, a banda sofreu uma enorme pressão da gravadora por um novo disco, o que prejudicava o processo criativo e artístico. A crítica recorrente à indústria fonográfica e os seus pensamentos sobre a sociedade e a cultura do dinheiro abrangem novos e ainda mais amplos temas e horizontes. A crítica às gravadoras e à indústria crescem para se tornar a crítica ao capitalismo e à mentalidade do lucro a qualquer custo. A capa do disco retrata bem a situação complicada, junto à gravadora, que a banda atravessava: ela mostra dois homens se cumprimentando, mas um está literalmente pegando fogo. A interpretação da própria Hipgnosis (empresa que cuidava das capas) é que o homem pegando fogo retrata o Pink Floyd (e também Syd Barrett) e o outro homem representa a indústria fonográfica, literalmente queimando a banda, visando apenas lucros e pouco se importando para o lado artístico. A foto foi tirada tendo como fundo alguns prédios pertencentes aos estúdios da Warner Bros, em Hollywood, onde só se representa, onde ninguém é o que realmente é. Esta é uma foto do Making Of:

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Ausência é a palavra chave do disco: ausência de motivação, ausência de ânimo ausência de vontade de trabalhar e criar nos moldes dessa indústria com a qual estavam desiludidos e também, a mais importante, a ausência de Syd Barrett.

Welcome To The Machine

Música excelente de Waters, faz uma crítica dura e direta à indústria musical, empresários, gravadoras e banqueiros que se enriqueciam com base em bandas novas, esquecendo da verdadeira essência da música. Uma letra ácida em um fundo musical que pode ser considerado futurista aliando violão com sintetizadores. Depois de comprar uma guitarra e sonhar com o estrelato, o inocente rapaz é apresentado e enviado à “máquina”.

Welcome my son, welcome to the machine / What did you dream?
Bem vindo meu filho, bem vindo à máquina / O que você sonhou?
It’s alright we told you what to dream. / You dreamed of a big star
Tudo bem, nós dissemos com o que devia sonhar / Você sonhou com uma grande estrela

Vale a pena ouvir

Have a Cigar

Outra magnífica canção de crítica à indústria fonográfica, onde o discurso hipócrita de produtores musicais é retratado e ironizado. Com frases ditas por produtores e pessoas ligadas à gravadoras, é absurdamente crítica. O solo da guitarra de Gilmour dá um toque especial à música. Vale a pena mesmo ouvir. Uma curiosidade: o timbre de voz de Waters não combinada com o tom da música, ele não conseguia alcançar as maiores notas. Foram no estúdio ao lado de onde estavam gravando e pediram ao amigo deles Roy Harper para tentar. Resultado: a combinação perfeita entre voz e som.

The band is just fantastic / That is really what I think / Oh, and by the way, which one’s pink?
A banda é simplesmente fantástica / Isto é realmente o que eu penso / A propósito, qual de vocês é o pink?

Clássica (I)

Shine On You Crazy Diamond

Música-tributo a Syd Barrett. Ao tocar os primeiros acordes na guitarra, Gilmour despertou em Roger Waters toda uma miríade de sentimentos acerca do ex-integrante e amigo Syd Barrett. Uma letra profunda, que recorre ao uma melodia inesquecível e lembrada onde quer que toque. Dividida em 9 partes (uma marca registrada do Pink Floyd) foi novamente dividida em duas (partes I-V e VI-IX) para abrir e fechar o disco. É clássica deste sua estréia. Após uma introdução de arrepiar com 8 minutos, os primeiros versos já indicam os valores que a música trará:

Remember when you were young? / You shone like the sun
Lembra quando você era jovem? / Você brilhou como o sol

Deixo para vocês a música tocada no disco Pulse, de 1994. Sensacional:

You were caught in the crossfire / Of childhood and stardom / Blown on, the steel breeze
Você foi pego no fogo cruzado / Da infância e do estrelato / Fundido na brisa de aço

Clássica (II)

Wish You Were Here

Outra canção para Syd Barrett, essa música trata de ausência, de solidão. Mas também da mudança que existe no ser humano diante da ganância e do poder. Seu solo de violão é inesquecível, em qualquer lugar que toque você imediatamente já sente um arrepio. O vocal de Gilmour cai como uma luva. Uma música que realmente mostra que o sucesso de The Dark Side on the Moon não havia sido em vão. A crítica às gravadoras também está presente, em versos como:

Did they get you to trade / Your heroes for ghosts?
Eles fizeram você trocar / Os seus heróis por fantasmas?

Que retratam o verdadeiro dano que a ganância da indústria musical estava fazendo principalmente com Waters. Abaixo a versão tocada na última reunião dos quatro integrantes, no Live 8 em 2005. Épico:

How I wish you were here / We’re just two lost souls
Como eu queria que você estivesse aqui / Nós somos apenas duas almas
Swimming in a fish bowl / Year after year
Nadando em um aquário / Ano após ano

Disco imprescindível para todo fã de Pink Floyd, aliás, imprescindível para todos. Vá fundo, você não vai se arrepender.

Deixarei como sugestão o excelente documentário: The Story of Wish You Were Here, legendado em português, que conta um pouco dos bastidores da gravação do disco.

Na imagem destacada uma foto de Syd Barrett (principal tema do disco) da década de 1970, depois que ele deixou o Pink Floyd.

Até a próxima!

 

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